quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Sobre representações.

Não tenho o costume de criar versos, mas admiro quem os faz e conhece os poetas a fundo. Um grande amigo meu, o Cabelo, sempre criou boas poesias, e costuma anexar em suas conversas versos maravilhosos que eu não conheço mas despertam a minha curiosidade.

Sempre achei muito foda quem, em meio a uma conversa, faz uma citação. Passa uma vibe de intelectual. Rs. Mas eu não vou falar dos poemas que o Cabelo cita nas discussões do CA. Vim falar de uma estrofe que ele deixou em seu msn e que eu me identifiquei. É sério. Era:

Queria
prazer desintegrado no infinitamor de nossos corpos
desconhecidos

Sabe de quem é? Do Glauber Rocha. Puta que pariu, na minha infinita ignorância eu não imaginava que Glauber Rocha escrevia poemas. Ok, o cara fez parte da galera do cinema novo, inovou o cinema com uma liguagem nova, mais social. Um artista. Mas sei lá, para mim era um jornalista e cineasta. E pronto. Sem contar que,(depois de lerem isso apaguem da mente, por favor) eu nuca assisti a um filme dele, não deveria nem estar falando nada. Nem postando nada. Mas depois do poema procurei saber mais, rolou uma curiosidade.

Vivendo e aprendendo...

É nessas horas que percebo como é bom conhecer muita gente, com pensamentos diferentes, de vários lugares. As chances de você descobrir coisas novas e aumentar seu conhecimento são infinitas. Tá, mas vou deixar de pagar pau para os meus amigos e vou ao que interessa, o poema completo:






Desejo
Queria
você profundamente aberta
Num beijapaixonado sem memória e futuro

Queria
prazer desintegrado no infinitamor de nossos corpos desconhecidos

Queria um rio negro
como branco
contando a Vytoria
De uma tragycomedia morta

Queria o maramoroso
De tua pele viva
E a poesia da madrugada

Não sei o que há comigo que para gostar de algo preciso me identificar seriamente. Precisa passar pela minha vida, me retratar. Porra, pensando bem, todo mundo é assim... Todo mundo gosta de se ver em uma canção, em um verso, uma crõnica. Só reconhecemos bem aquilo que nos faz protagonistas. Gosto de me enxergar, e me ver representada. E é por esse motivo que admiro as artes, pois elas têm esse poder. Seja no cinema, na dança, nos livros, na música. A função da arte será, mais que qualquer coisa, representar algo. E se esse algo se assemelha a você, uma relação de cumplicidade estará formada.

Sinceramente, eu vivo nessa busca constante por representações, até mesmo para eu saber quem realmente sou. Com 21 anos não nos conhecemos bem. Há inúmeras situações que eu ainda não vivi e não sei como reagiria se um dia elas acontecessem. O que já me aconteceu, eu só tenho a minha perspectiva, o olhar de quem viveu a situação, mas sem saber como fui vista pelos outros. Como eu olharia se alguém fizesse o mesmo. Através da arte é possível nos enxergarmos dessa forma. Olhar para o que fizemos, ou fazemos, ou faremos como um mero espectador, sem a intervenção dos sentimentos de um agente.

Um comentário:

Live disse...

N se sinta mal ou junte-se à mim. Semana passada meu namorado disse: cara, eu nunca vi um filme do Glauber Rocha e eu respondi: nem eu.

Então...n é a única, tem mais dois pra lista.

N há nda d mais natural do q a arte, por isso q eu danço, me sinto livre d mim mesma. =)