segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Papo de bar.

Quando passou de carro em frente ao bar, reconheceu alguns amigos numa mesa e resolver estacionar para falar com eles. Parou o carro, desligou o som e pegou a bolsa no banco de trás. Conferiu quanto tinha na carteira e viu que era o suficiente, pagava 3 cervejas. Saiu e, antes de fechar a porta, lembrou-se do isqueiro. Levou alguns minutos até achá-lo e, enfim, seguiu para o bar. Lá, encontrou alguns conhecidos, viu grandes amigos e se sentou sorrindo e dando boa noite a galera. Era muita gente para beijar e apertar a mão. Prefiriu dar um oi e fazer logo o pedido de um copo para acompanhar o pessoal.
A conversa começou a desenrolar, alguns lhe pediram cigarro. Ela acendeu o dela e entre goles e tragadas discursou sobre relacionamentos afetivos. Era o seu forte. Muitos amigos, e colegas até, a paravam meio que escondidos para tirar dúvidas sobre supostos affairs e ela, paciente e divertida, dava conselhos soltos, que falavam mais sobre quem perguntava do que sobre quem lhe haviam perguntado.
E diante de tantas garrafas, enquanto ouvia o desabafo de um amigo, pensava em seus problemas. Em suas agonias que nunca revelara, e não revelaria a ninguém. Até porque todos sabiam muito de sua vida, e saber o que ela pensava certamente traria o caos.
Seus desejos, vontades e angústias rondavam sua cabeça até que um amigo sentado ao lado perguntou se estava tudo bem. Ela respondeu que sim. E como não estaria? Estava ali comemorando a vida, oras!
Mas, diante do sexto copo uma vontade imensa de falar o que pensava lhe veip a garganta. Chegou a dar um nó. Ela se segurou, pensou um pouco e não falou nada.
Perguntaram se ela não iria dizer alguma coisa. Ela disse que iria ao banheiro. Diante do espelho, lavando as mãos na pia, ela balbuciou, em tom baixo, o nome que a inquietara por toda noite, que revelaria tudo o que estava pensando enquanto todos riam e brincavam na mesa.
Ela saiu do banheiro, dando vez a uma mocinha apertada, e seguiu para a mesa com mais duas garrafas cheias. Pegou seu copo, pediu que uma amiga completasse e alertou ao pessoal que a roda de samba iria começar.
Com o início do choro ela se levantou. Sabia que naquela situação o melhor era sambar. Se aproximou da roda e sambou, acompanhando letra por letra que aprendeu nas rodas da vida. Sambou com vontade, cheia de vida, direcionando os olhares do bar para si. Não pensava em mais nada. Nada lhe passava pela cabeça a não ser a vontade de sambar mais e mais.
O jeito com que balançava o corpo, seu gingado, e como mexia nos cabelos e fazia paradinhas para pegar o copo indicavam o que ela realmente queria naquela noite. O seu sorriso de cabeça baixa, enquanto observava a sincronia de seus pés a cada batida do tamborim, enfeitiçava quem a olhava. Mas ela não se preocupava com os flertes. Ela só pensava em um homem. E era ele quem ela imaginava a admirando enquanto dançava.
O samba acabou, ela se sentou. Acendeu um cigarro, pagou a conta e foi para casa. E, em casa, já na cama, sonhou com ele. Aquele que ela desejara tanto dividir uma mesa.

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