segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Sobre negros e gays.

Eu nunca entendi essa coisa do preconceito e da discriminação. E, ás vezes, eu prefiro nem entender porque você fica sabendo de cada absurdo... Neste sábado, eu estava fazendo unha quando a manicure gordinha, de pele alva e cabelos bem loiros começou a falar de namoro. Eu brinquei chamando meu namorado de branquelo e pálido. Até que ela soltou uma que detonou minha simpatia por ela, na hora. Ela disse que tinha nojo, isso mesmo, NOJO, de namorar gente preta, segundo suas palavras. Na hora eu arregalei meus olhos e disse que ela pensava assim porque nunca havia estado com um negão. Depois, eu me senti mal. Um milhão de respostas e xingamentos me vieram a cabeça, mas tudo o que eu consegui foi fazer cara de puta, de gente de mau humor, sabe? Aí ela percebeu, pediu desulpas mas continuou a enfatizar que achava estranho, que não lhe atraía as pessoas de cor, mas sempre amenizando a merda que ela tinha falado.

Não tem jeito. Nunca mais faço unha com essa filha da puta. Fiquei com raiva. Porra, meu irmão é preto, meu pai é preto, eu sou preta. Aliás, nem preta autêntica eu sou, nem você e nem boa parte dos brasileiros. Somos todos uma mistura étnica desse Brasil de todos os povos. Eu sou um verdadeiro samba do crioulo doido, e tenho um puta orgulho disso. Quando começo a sambar agradeço a Deus pelo DNA que tenho. E faço muitas morrerem de inveja.

Quando contei pra minha mãe ela me disse para não fazer mais a unha com a mulher e pronto. Mas eu acho que isso não é suficiente. É preciso provar a ela que não existe isso de alguém sentir nojo de outra pessoa por causa da diferença da cor da pele. Eu, sinceramente, desconheço esse tipo de sentimento, de pensamento. Fui criada em ambientes tão diferentes, desde cedo tive que aprender a valorizar a cor da minha pele e a não deixar nenhum escroto me inferiorizar por isso. Mas o mundo dá voltas.

Outra coisa que me deixou igualmente puta: Achei uma comunidade no orkut que relacionava os homossexuais a servos do demônio. É, eu sei que há milhões delas espalhadas por aí, obrigando muita gente boa a permanecer no armário, sofrendo por não poder dizer ao mundo o que é realmente.
Eu também nunca vi problema em uma pessoa ser gay, lésbica, simpatizante e os caralho. Nem tenho que me meter nisso, neah? Cada um sabe a delícia e a dor de ser o que é, e não sou eu quem vai querer provar ao mundo que está errado alguém que tem pênis, gostar de pênis (acho suuuuperjusto! Dá para não gostar?rs), e alguém que tem vagina gostar de quem tenha a vagina.
E porque eu iria querer levantar bandeira de ódio aos gays?
Oi? Eles são promíscuos? Bom, na verdade há uma penca de heteros que são, e o casamento entre gêneros iguais está aí para provar que eles não querem só pegação.
Oi? Eles não podem ter filhos? Mas podem adotar uma daquelas crianças que lotam orfanatos, que ninguém quer, nem os próprios pais.
Oi? Não segue o mandamento de que a mulher foi feita para o homem, e o homem para a mulher? É, pensando biologicamente há de convir que não tem como dois humanos do mesmo sexo se reproduzirem. Mas eles podem se amar, se tocar, se beijar e se desejar. Não vejo problemas nisso. Se as pessoas se querem, para que criar barreiras e regras? E, mais ainda, mesmo que não se seja a favor, para que propagar o ódio e a intolerãncia à pessoas que apenas estão sendo o que são e sem fazer mal a ninguém?
Depois querem cobrar o amor e o respeito ao próximo, dizendo que o mundo precisa de paz. A paz, ao meu ver, começa quando há respeito ao que o outro é.

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